terça-feira, 12 de junho de 2018

Santo Antônio: tenente-coronel celestial e casamenteiro

Foto do autor
Esses são só alguns dos atributos de Fernando Martim de Bulhões, o nome de batismo de Santo Antônio, um dos santos mais populares dos festejos juninos, aqui no Brasil e em Portugal. Talvez um dos mais celebrados do panteão cristão em quase todas as partes do mundo. Nasceu em Lisboa provavelmente no ano de 1190 e faleceu com cerca de 40 anos no dia 13 de junho de 1231.

A sua morte provocou grande comoção popular e o Papa Gregório IX o canonizou em 1232, menos de um ano do seu falecimento, porque a igreja tinha pressa em satisfazer os desejos dos devotos do santo polivalente. E a Igreja determina que 13 de junho, data da sua morte, passaria a ser celebrada no calendário litúrgico com festas religiosas e profanas em homenagem ao santo padroeiro dos casais apaixonados e das causas perdidas. 

O papa Leão XIII assim definiu Santo Antônio como o “Santo de todo mundo”, por reconhecer a sua popularidade na grande devoção e piedade popular espalhada por várias partes do mundo cristão. 
  
Considerado um dos doutores da igreja, profundo conhecedor da teologia e reconhecido por Roma como um grande orador que impressionava multidões com os seus sermões. Da ordem dos frades Franciscanos Menores, percorreu países onde destacou-se com os seus trabalhos missionários em Portugal, Itália e principalmente no sul da França, liderando importantes embates religiosos e ideológicos na tentativa da conversão ao cristianismo dos praticantes das heresias dos Cátaros. Foi um peregrino que percorreu diferentes localidades da Europa, da África pregando a palavra de Deus com o objetivo de converter povos pagãos ao cristianismo. Frei Fernando de Bulhões, tinha grande capacidade de mobilização das pessoas par ouvirem a sua palavra e juntava multidões por onde passava. Depois de sua morte a fama de santo milagreiro só cresceu ainda mais mundo a fora.   
Foto de acervo do autor
Nas viagens marítimas nos séculos XVI, XVII e XVIII dos grandes descobrimentos espanhóis e portugueses a devoção a Santo Antônio chegava às novas terras. A partir do século XIX a distribuição de pães no dia de Santo Antônio passou a ser uma prática da piedade popular em diversas partes do mundo inclusive aqui no Brasil como ação social aos mais pobres. 

O Frei Antônio de Lisboa e Pádua, tinha o dom da oratória e usava como estratégia de comunicação nas suas pregações a animação cultural, a conciliação das famílias, a paz e o amor. Esse foi um dos motivos que levou o santo a ser invocado para resolver problemas terrenos como causas perdidas, proteção dos militares nas frentes de batalhas, como advogado dos bons casamentos, contra os malefícios dos inimigos e tantas outras invocações. 

Era um frade alegre, brincalhão, humilde, prestativo, sempre estava à disposição do seu povo e era uma espécie de topa tudo no atendimento aos fiéis, mesmo sendo um profundo conhecedor da teologia. Conhecia muito bem a sabedoria popular e com isso nas suas pregações rompia o tom melancólico predominante na Igreja. 

Foto de acervo do autor
Em Portugal é considerado o santo dos lisboetas e como aqui no Brasil também é considerado um santo casamenteiro, festejado pelos namorados e noivos que sobem os altares paras as cerimônias de casamentos.  Em Lisboa, os 12 e 13 de junho são dias de grandes festas populares nos bairros da capital lusitana e as Marchas de Santo António desfilam em sua homenagem, por toda a Avenida da Liberdade, no centro da cidade. É sem dúvida uma das maiores festas populares de Lisboa.

Santo Antônio, protetor das moças e rapazes, das viúvas e dos viúvos desejosos de encontrar um amor perfeito para casar, também foi político e militar de alta patente. No Brasil, Santo Antônio já chegou a ser vereador perpétuo na cidade histórica de Igarassu, localizada na área metropolitana do Recife, capital do Estado de Pernambuco, com direito a receber os seus vencimentos do poder legislativo municipal, o equivalente a um salário mínimo mensal, cuja ordem de pagamento só foi suspensa em 2008 por interveniência do Ministério Público do Estado de Pernambuco. Mas não é só isso, ele foi muito mais. 

Transparências nas vitrines de Sto Antonio
Amadeu Amaral no seu livro Tradições Populares, 1976, registra a importância de Santo Antônio como um militar de alta patente em vários batalhões brasileiros devido à sua intermediação como santo protetor dos bravos soldados nos campos de batalhas.
Santo Antônio – o santo dos grandes milagres – foi tenente da Fortaleza de Santo Antônio dos Coqueiros, patente concedida pelo Conselho Ultramarino em 1717. Em 1710 entra para milícia do Rio de Janeiro com a patente de capitão. Dom João VI o promoveu a tenente-coronel no ano de 1814 e, posteriormente, com membro da Ordem de Cristo.

O santo taumaturgo português no catolicismo popular desde a Idade Média é ligado a centenas de crenças, superstições, feitiçarias e cerimônias que são realizadas na véspera do seu dia com a finalidade de alcançar algum pedido que possa desenrascar os problemas dos milhares de devotos.

Viva Santo Antônio

Fotos do arquivo pessoal do autor.

terça-feira, 5 de junho de 2018

Lançamento da nova edição de "Cancioneiro do Norte"

O CEJUS - Centro de Estudos Jurídicos e Sociais, em João Pessoa/PB lança a 5ª edição (Fac-simile) do "Cancioneiro do Norte", com prefácio de minha autoria.
A programação de lançamento terá início às 17 horas desta sexta-feira (8/6), no CEJUS, localizado na Av. Rio Grande do Sul, 1411, Ed. Rio Tauhá - Bairro dos Estados, João Pessoa-PB.

Observe os detalhes da programação: