Esses
são só alguns dos atributos de Fernando Martim de Bulhões, o nome de batismo de
Santo Antônio, um dos santos mais populares dos festejos juninos, aqui no
Brasil e em Portugal. Talvez um dos mais celebrados do panteão cristão em quase
todas as partes do mundo. Nasceu em Lisboa provavelmente no ano de 1190 e
faleceu com cerca de 40 anos no dia 13 de junho de 1231.
A sua morte provocou grande comoção popular e o
Papa Gregório IX o canonizou em 1232, menos de um ano do seu falecimento, porque
a igreja tinha pressa em satisfazer os desejos dos devotos do santo polivalente.
E a Igreja determina que 13 de junho, data da sua morte, passaria a ser
celebrada no calendário litúrgico com festas religiosas e profanas em homenagem
ao santo padroeiro dos casais apaixonados e das causas perdidas.
O
papa Leão XIII assim definiu Santo Antônio como o “Santo de todo mundo”, por
reconhecer a sua popularidade na grande devoção e piedade popular espalhada por
várias partes do mundo cristão.
Considerado
um dos doutores da igreja, profundo conhecedor da teologia e reconhecido por
Roma como um grande orador que impressionava multidões com os seus sermões. Da
ordem dos frades Franciscanos Menores, percorreu países onde destacou-se com os
seus trabalhos missionários em Portugal, Itália e principalmente no sul da França,
liderando importantes embates religiosos e ideológicos na tentativa da conversão
ao cristianismo dos praticantes das heresias dos Cátaros. Foi um peregrino que
percorreu diferentes localidades da Europa, da África pregando a palavra de
Deus com o objetivo de converter povos pagãos ao cristianismo. Frei Fernando de
Bulhões, tinha grande capacidade de mobilização das pessoas par ouvirem a sua
palavra e juntava multidões por onde passava. Depois de sua morte a fama de
santo milagreiro só cresceu ainda mais mundo a fora.
Nas
viagens marítimas nos séculos XVI, XVII e XVIII dos grandes descobrimentos
espanhóis e portugueses a devoção a Santo Antônio chegava às novas terras. A
partir do século XIX a distribuição de pães no dia de Santo Antônio passou a
ser uma prática da piedade popular em diversas partes do mundo inclusive aqui
no Brasil como ação social aos mais pobres.
O
Frei Antônio de Lisboa e Pádua, tinha o dom da oratória e usava como estratégia
de comunicação nas suas pregações a animação cultural, a conciliação das
famílias, a paz e o amor. Esse foi um dos motivos que levou o santo a ser
invocado para resolver problemas terrenos como causas perdidas, proteção dos militares
nas frentes de batalhas, como advogado dos bons casamentos, contra os
malefícios dos inimigos e tantas outras invocações.
Era
um frade alegre, brincalhão, humilde, prestativo, sempre estava à disposição do
seu povo e era uma espécie de topa tudo no atendimento aos fiéis, mesmo sendo
um profundo conhecedor da teologia. Conhecia muito bem a sabedoria popular e
com isso nas suas pregações rompia o tom melancólico predominante na
Igreja.
Em
Portugal é considerado o santo dos lisboetas e como aqui no Brasil também é
considerado um santo casamenteiro, festejado pelos namorados e noivos que sobem
os altares paras as cerimônias de casamentos.
Em Lisboa, os 12 e 13 de junho são dias de grandes festas populares nos
bairros da capital lusitana e as Marchas de Santo António desfilam em sua
homenagem, por toda a Avenida da Liberdade, no centro da cidade. É sem dúvida
uma das maiores festas populares de Lisboa.
Santo Antônio, protetor das moças e rapazes, das
viúvas e dos viúvos desejosos de encontrar um amor perfeito para casar, também
foi político e militar de alta patente. No
Brasil, Santo Antônio já chegou a ser vereador perpétuo na cidade histórica de
Igarassu, localizada na área metropolitana do Recife, capital do Estado de
Pernambuco, com direito a receber os seus vencimentos do poder legislativo
municipal, o equivalente a um salário mínimo mensal, cuja ordem de pagamento só
foi suspensa em 2008 por interveniência do Ministério Público do Estado de
Pernambuco. Mas não é só isso, ele foi muito mais.
Transparências nas vitrines de Sto Antonio |
Amadeu
Amaral no seu livro Tradições Populares,
1976, registra a importância de Santo Antônio como um militar de alta
patente em vários batalhões brasileiros devido à sua intermediação como santo
protetor dos bravos soldados nos campos de batalhas.
Santo
Antônio – o santo dos grandes milagres
– foi tenente da Fortaleza de Santo Antônio dos Coqueiros, patente concedida
pelo Conselho Ultramarino em 1717. Em 1710 entra para milícia do Rio de Janeiro
com a patente de capitão. Dom João VI o promoveu a tenente-coronel no ano de
1814 e, posteriormente, com membro da Ordem de Cristo.
O santo taumaturgo
português no catolicismo popular desde a Idade Média é ligado a centenas de
crenças, superstições, feitiçarias e cerimônias que são realizadas na véspera
do seu dia com a finalidade de alcançar algum pedido que possa desenrascar os
problemas dos milhares de devotos.
Viva Santo Antônio
Fotos do arquivo pessoal do autor.