Uma das grandes revoluções da comunicação mundial foi o surgimento do rádio no início do século 20 com a histórica transmissão em 1901 entre a Europa e os Estados Unidos. Nos anos 30 do século passado o rádio já era um importante veículo de propaganda política usado pelo Presidente dos Estados Unidos Franklin Roosevelt, por Hitler na Alemanha e por tantos outros. Nos anos 40 e 50 do mesmo século o rádio consolidava-se como importante veículo de comunicação em várias partes do mundo.
A primeira experiência de transmissão radiofônica no Brasil,
oficialmente, ocorreu em 1922, nas comemorações do centenário da independência
com o pronunciamento do então Presidente Epitácio Pessoa. E hoje, se celebra o bicentenário tendo a cobertura do rádio na era digital.
Mas o professor Moacir Barbosa, da Universidade Federal da Paraíba, importante estudioso desse veículo no Brasil, sempre afirmava que a data da
primeira transmissão radiofônica no Brasil, teria sido no Recife em 1919, que originou a Rádio Clube de Pernambuco. “Como se tratou de uma atividade mais
tecnológica, os louros foram endereçados para as transmissões das solenidades
do centenário da independência, com a aquisição de dois transmissores
(tecnologicamente, portanto, o rádio já consolidado) e depois para Roquette
Pinto. A diferença está aí: a experiência de Recife foi técnica, enquanto a do
centenário foi de broadcast (com uma programação definida). Creio que isso não
tira o mérito dos pernambucanos, pois se assim for, a transmissão
intercontinental de um tiro de fuzil feito por Marconi (técnica, apenas), não
poderia ser considerada a primeira transmissão de rádio. Mas é esse o papel deste
importante meio de comunicação, polêmico até nas suas origens” (BARBOSA, 2012).
O Brasil entra, verdadeiramente, na Era do Rádio no
período do Estado Novo que vai de 1937 a 1945 quando Getúlio Vargas cria o
Departamento de Imprensa e Propaganda-DIP. Até meados da década de 1960 o rádio
viveu o período denominado da Era de Ouro e a partir daí, com o surgimento da televisão é anunciada a morte do rádio para esse novo
veículo de comunicação que tinha som e imagem e o rádio seria passado para
trás, diziam que não haveria mais espaço para ele.
O rádio recebeu anúncio de morte em diferentes épocas da sua
história, sempre sobreviveu e agora está mais vivo do que nunca. Com o
surgimento da televisão a Era de Ouro do Rádio passou a ser a era da TV e mais
uma vez a morte foi anunciada como quadro irreversível. Era a sua morte
cerebral, a sua morte tecnológica, os conteúdos e os profissionais seriam
transferidos para o novo veículo de comunicação que empolgava o Brasil. Os anos
se passaram e mais uma vez o rádio saiu da UTI.
A chegada da internet populariza ainda mais a televisão,
melhor dizendo, a TV digital, a TV móvel se espalha em quase todas as camadas sociais
e volta a polêmica sobre a morte do rádio. E o rádio se transforma
drasticamente, dá o troco, incorpora as novas tecnologias de comunicação,
renova os conteúdos e ressurge como um veículo de comunicação para atender as
exigências do mercado de consumo emergente no país e ocupa espaços utilizando
outras mídias como telefone celular, smartphones, tablets e outros
dispositivos móveis, além da TV.
Ao contrário da visão pessimista de alguns, o que estamos
assistindo na atualidade é o surgimento de uma nova Era do Rádio onde as
convergências de tecnologias e abrangências de conteúdos transformam o rádio em
um veículo também com imagem. Ou seja: “radiotevê”. Melhor dizendo, se nos anos
50 e 60 do século 20 tivemos o aparecimento da “tevêradio”, hoje temos o
“radiotevê”, possibilitado por diferentes suportes tecnológicos e permanecendo
com toda força na era da imagem e do som digital.
O rádio não só se escuta, também se pode ver, inclusive o
nosso programa preferido, em qualquer parte do mundo. É o rádio híbrido com som
e imagem navegando na internet e tantos outros suportes midiáticos. O rádio
criou novas linguagens para atender os diferentes segmentos da sociedade
independente de idade, gênero, classe econômica e cultural.
Não se justifica mais que o apresentador do programa de
rádio diga: pena que não seja TV para o ouvinte ver isso ou
aquilo. No “radiotevê” a audiência não é mais só de ouvintes, é ao
mesmo tempo de ouvintes e telespectadores. Isto é, os constituintes da
recepção dos programas radiofônicos não são mais só ouvintes, agora são
“teleouvintes”, e realmente é um novo prazer, uma redescoberta ouvir e ver esse
rádio que se espalha mundo a fora. O “radiotevê” prolifera nas diferentes redes
para atender a sociedade midiatizada e está cada vez mais ao alcance dos
ouvintes.