Texto e fotos: Osvaldo Meira Trigueiro
Publicado
originalmente na Revista Internacional de Folkcomunicação, este
ensaio fotográfico, reúne registros em diferentes anos da pesquisa empírica com
o objetivo de documentar e mostrar os principais momentos do cortejo do ‘Tope
do Juiz” na Festa do Rosário, de São Luiza no sertão da Paraíba. Outubro é o
mês de Nossa Senhora do Rosário, o mês das festas para os Reis Negros,
comemoradas em quase todo o Brasil. É uma grande festa, bem caraterística do
catolicismo popular, com celebrações hibridas entre o sagrado e o profano, com
novenário, missa, procissão, grupos folclóricos, artesanatos, comidas típicas,
parques de diversões, quermesses e muitas outras manifestações da tradicional
cultura popular e do folclore.
No
segundo domingo de outubro a cidade de Santa Luzia celebra a sua festa em
homenagem a Nossa Senhora do Rosário. Santa Luzia fica na região do Seridó do
Estado da Paraíba, com cerca de 16 mil habitantes, a uma distância de 263
quilômetros de João Pessoa, 134 de Campina Grande e apenas 42 de Patos. Tem
hotel, pousada e restaurantes com comidas típicas do sertão nordestino.
A
Festa do Rosário de Santa Luzia tem o seu início com o novenário, mas acontecem
no sábado e no domingo do Rosário os momentos mais importantes da festa com
celebrações na igreja e nas ruas com grande participação de devotos de várias
regiões.
Sábado
é o dia da feira na cidade, o grupo Pontões, grupo folclórico que sai dançando
pelas ruas ao som de uma banda de Pífano, com lanças enfeitadas com fitas
coloridas e na ponta um maracá que marca o ritmo das danças. O grupo acompanha
o cortejo da Irmandade do Rosário recolhendo donativos e desfilando pela cidade
convidando o povo para a festa.
Um dos momentos mais significativos é o “Tope do Juiz”. Por volta das onze horas da manhã do sábado o Rei, a Rainha e os demais membros da Irmandade do Rosário, que simbolizam a família real, saem em cortejo, animados pela música, dançando e sempre com a proteção do grupo dos Pontões em direção à ponte sobre o Rio Quipauá, na BR-230, na entrada da cidade, para esperar o Juiz e a Juíza da Irmandade escoltados por um grupo de cavaleiros. Nos anos de 1992, 1997 e 2007 realizei observações empíricas, etnográficas, pesquisas participativas e folkcomunicacionais, o que possibilitou documentar diferentes momentos da tradicional festa, com a participação de cerca de 200 cavaleiros, pessoas de carro, de moto, de bicicleta e até a pé no cortejo do “Tope do Juiz” da zona rural para a igreja da cidade. O Juiz e a Juíza da Irmandade, sempre saem de uma localidade da zona rural e no lugar da concentração, ou ponto de partida da comitiva, a festa é animada com músicas, aboios e loas em homenagem a Nossa Senhora do Rosário, tudo regado com muita bebida, tira-gosto de buchada, picado, carne-de-sol, bode guisado, farofa e tantas outras comidas típicas do sertão. O estouro de fogos de artifício anuncia a saída da comitiva rumo à cidade, é um momento de grande expectativa.
Concentração da Cavalgada do Tope do Juiz (Zona rural de Santa Luzia/Paraíba |
Saída do Tope do Juiz (Zona rural de Santa Luzia/Paraíba) |
Acesse aqui o ensaio fotográfico completo.
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