A Festa dos
Tabuleiros em Tomar (Portugal), que acontece de quatro em quatro anos, é uma
das maiores manifestações religiosas ao Divino Espírito Santo, em toda a
Península Ibérica. A última festa aconteceu de 2 a 11 de julho de 2011 e eu
estava lá para acompanhar e registrar os grandes momentos. Realmente
impressiona o envolvimento da comunidade e da cidade na organização e
realização da festa sagrada e profana.
Tomar é uma das mais antigas cidades de Portugal, nasceu próximo ao rio Nabão, pertence ao Distrito de Santarém, sua fundação não tem uma data exata, porém há registro que os primeiros edifícios foram erguidos por volta de 1160. A cidade se desenvolveu no entorno do Castelo Templário e do Convento de Cristo. Destacam-se ainda, como monumentos importantes, as igrejas de São João Batista, de Santa Maria dos Olivais, a de Santa Iria e o aqueduto, entre outros.
A cidade de Tomar, distante 117 quilômetros de Lisboa, 68 de Santarém e 21 de Fátima, com fácil acesso de automóvel, de ônibus ou de trem, está no roteiro turístico do patrimônio mundial, no caminho dos tesouros dos Templários, da demanda do Graal e da Fé. É nesses cenários entre ruas, praças e pontes antigas que acontece a Festa dos Tabuleiros.
O homem comemora há
centenas de anos os seus ritos de passagem e relembra as suas datas festivas
sagradas, profanas e de agradecimento aos deuses pagãos. Essas evoluções e
evocações chegam até os dias atuais já incorporadas aos nossos calendários de
tradição religiosa e festiva do catolicismo popular, que se espalharam por toda
a Península Ibérica e chegam ao Brasil com os colonizadores portugueses.
Ao longo do tempo essas
práticas sempre fizeram parte dos processos das transformações culturais e
religiosas da sociedade humana e das suas relações simbólicas, dando origem aos
diversos protagonistas e suas performances nos festejos populares.
As festas populares tradicionais são acontecimentos identificadores dos fatos locais, são celebrações simbólicas das diversas relações sociais vivenciadas por uma comunidade nos territórios sagrados e profanos. É nas observações e nas interpretações das festas populares que se descobre os códigos, as regras e os estatutos construtores do ensinar e aprender as diversidades da cultura, consequentemente, o desenvolvimento da identidade de um povo.
As festas populares rurais e urbanas passaram e continuam passando por importantes transformações culturais nos diferentes momentos da história da sociedade humana, num passado mais remoto, com a instituição da quaresma, depois com as navegações e os grandes descobrimentos de novas terras.
Ou seja, o mundo está constantemente criando, reinventando novos significados culturais através das festas sagradas e profanas, agora inseridas cada vez mais no contexto da sociedade midiatizada.
Ou seja, o mundo está constantemente criando, reinventando novos significados culturais através das festas sagradas e profanas, agora inseridas cada vez mais no contexto da sociedade midiatizada.
Sem dúvida as festas populares não poderiam ficar fora desse novo contexto de produção e consumo de bens culturais locais e globais da sociedade contemporânea.
As manifestações culturais tradicionais dos ciclos: natalino, carnavalesco, pascal e junino, entre tantas outras festas populares, são “afetadas” cada vez mais pelos interesses da indústria cultural. Mas, mesmo assim, continuam mantendo suas tradições e vivendo experiências novas, como sempre foi nos diferentes tempos históricos e culturais.
A Festa dos Tabuleiros, uma antiga celebração ao Divino Espírito Santo
na sua forma mais tradicional acontece deste o século XII, tem suas origens nas
tradições das festas pagãs aos deuses da natureza, possivelmente nas festas das
colheitas para a deusa Ceres e depois cristianizada pela Rainha Santa D. Isabel
de Portugal.
O grande momento da festa acontecia no Domingo de Pentecostes, quando ricos e pobres celebravam o dia da igualdade de todos perante Deus, era uma comemoração de ação de graças e de oferendas. Ao longo do tempo a festa foi ganhando novos significados, outras características e, na atualidade, é um megaevento, um grande espetáculo midiático e turístico.
Mas, mesmo assim, na sua estrutura, na sua organização existem traços
fortes das tradições mais remotas, dos significados que cada cerimônia
simboliza em homenagem ao Divino Espirito Santo.
O período mais intenso da festa é no mês de julho, mas o início das festividades acontece com o desfile das Coroas e Pendões do Espírito Santo no Domingo de Páscoa pelas ruas onde o Cortejo dos Tabuleiros passará na época da festa propriamente dita e já com as ruas tradicionalmente ornamentadas.
O grande momento da festa acontecia no Domingo de Pentecostes, quando ricos e pobres celebravam o dia da igualdade de todos perante Deus, era uma comemoração de ação de graças e de oferendas. Ao longo do tempo a festa foi ganhando novos significados, outras características e, na atualidade, é um megaevento, um grande espetáculo midiático e turístico.
Chama atenção é que o tabuleiro deve ter o tamanho da moça que o conduz na cabeça durante todo o desfile de aproximadamente 5 quilômetros, acompanhada por um rapaz “o ajudante” que a auxilia na condução do tabuleiro.
O início do cortejo é anunciado pelo pipocar dos fogos e a música das filarmônicas e dos gaiteiros.
Vale a pena conhecer a cidade histórica de Tomar em qualquer época, mas na Festa dos Tabuleiros a cidade ganha um colorido todo especial, as ruas enfeitadas, músicas tradicionais e contemporâneas enchem seus espaços de alegria, a sua rica gastronomia regada com bom vinho e azeite e o afeto dos seus habitantes encantam a todos que a visitam.
Parabéns, Osvaldo! gostei muito do passeio cultural que vc proporcionou. Grande abraço.
ResponderExcluirGloria Rabay
Belo trabalho. Atente parara Fotocartografia Sociocultural. Esse é um exemplo.
ResponderExcluirOsvaldo, muito interessante seu registro. Mais ainda se assistido fosse pessoalmente.
ResponderExcluirPergunto-me: qual seria a real originalidade dos artefatos "tabuleiros" mostrados em desfiles,
com sua aparência em tempos outros?
Nunca consigo me identificar em tais comentários. E olha que tenho conta no Google.
ResponderExcluirMarco di Aurélio
Caro Osvaldo, parabéns pelo texto e pelas imagens. E obrigado por dividir
ResponderExcluiras informações conosco. Abraços.
Yuji Gushiken (ECCO-UFMT)
Beleza de documentário.
ResponderExcluirÉ sempre muito bom vermos e conhecermos, mesmo que apenas por fotos e narrações, usos e costumes de povos distantes, embora, como neste caso, tão próximos de nós, dadas as nossas raízes.
Parabéns, Oswaldo
Um abraço do amigo Arael
Olá Osvaldo
ResponderExcluirExcelente matéria. A festa tem uma beleza extraordinária.
Um forte abraço, prof. Wolfgang Teske.
Grande Pesquisador da folkcomunicação.
ResponderExcluirPerfeita matéria do blog.
abraço,
Cláudio.
Salvador, BA.
Oi,
ResponderExcluirExcelente.
Adorei a matéria e as fotos.
É realmente uma festa lindíssima.
Que privilégio vc ter visto essa festa.
Gostei muito e vou divulgar para todos de Portugal e do Brasil também.
Eu tenho um sonho de comprar apartamento em Portugal e morar um tempo lá para fugir da violência do Brasil.
Certamente quando aposentar vou morar por lá e levar meu filho para estudar nas Universidades.
Adoro o silêncio de Portugal, menos gente... penso muito nisso.
Abs
Erica
Vi o teu trabalho. Impressionante em todos os aspectos (informativo, científico, fotografias, etc.). Será muito bom se vieres a publicar isto e os outros textos em livro.
ResponderExcluirUm abraço
Carlos Nogueira
olé, professor
ResponderExcluirgostei muito de ler e ver este seu texto.
também porquenasci em tomar. vim para lisboa com 6 meses.
está tudo bem consigo?
beijinhos
zezé