Texto: Osvaldo Meira
TrigueiroFotos: Rosinha Trigueiro
Mas, agora quero falar sobre um outro molho apimentando com boa história contada por Nathan Nunes de Oliveira, um motorista de taxi que nos levou ao centro da cidade. No caminho ele foi narrando com riqueza de detalhes curiosidades de cada localidade por onde passávamos. Antes de chegar ao mercado passamos por um cruzamento de trânsito complicado com grande movimentação de carros e motos, popularmente conhecido como “Faixa de Gaza” e Nathan dizia que durante o dia se pode passar sem problema por ali, mas de noite é muito perigoso.
O fato é que a capela existe, foi fundada em 1897, é tombada como Patrimônio Histórico do Estado do Amazonas pela Lei Ordinária nº 8, de 28 de junho de 1965 (D.O.E., 30/6/1965), ficando determinada como “Capela de Santo Antônio do Pobre Diabo”. Em 13 de junho de 1901, dia de Santo Antônio, Dom José Lourenço da Casto Aguiar, Bispo Diocesano de Manaus abençoou a capela. Nessa data a capela é visitada por devotos que vão rezar e pagar promessas ao santo popular casamenteiro e, como no seu interior só cabem cerca de 20 pessoas, a maioria dos romeiros fica no lado de fora. A capela só abre em ocasiões especiais para visitação agendada e nos festejos de Santo Antônio.
Uma das versões, mais prováveis, é a história de
Antônio José Costa um comerciante português e a sua mulher Cordolina Rosa,
ambos devotos de Santo Antônio, que moravam no bairro da Cachoeirinha, que construíram
uma capelinha em agradecimento por uma graça alcançada, com a intercessão de
Santo Antônio, pela cura de uma grave doença que o comerciante teve. Entre as várias versões veja essa que
transcrevo:
No bairro Cachoeirinha morava um português com o nome de Antônio José da Costa, tinha um estabelecimento comercial na localidade, não gostava de vender fiado e se dizia um pobre comerciante. Na frente do seu comércio o português colou um cartaz com uma figura de um pedinte e escreveu “pobre diabo”. Por esse motivo os moradores do bairro passaram a chamar Antônio José da Costa de “Pobre Diabo”. Um dia ficou muito doente e sua esposa, Cordolina Rosa, muito aflita com a doença do marido, fez uma promessa a Santo Antônio que construiria uma capelinha se ele ficasse bom. Antônio ficou curado, dona Cordolina mandou construir a capela em agradecimento a Santo Antônio e logo passou a ser conhecida como “Igreja do Pobre Diabo”
Nathan, é manauara, há
mais de 20 anos trabalha como taxista e contou que já ouviu muitas histórias
curiosas sobre a Amazônia, lê muito sobre os principais acontecimentos na
cidade de Manaus e gosta de repassar para os turistas e eventuais passageiros que
andam no seu taxi.
A expressão “Pobre Diabo”
tem diferentes conotações, aqui nesta história o sentido é de um “pobre coitado”
- “pobre miserável” – “zé ninguém” e que implora pela piedade dos outros. Uma
expressão usada em Portugal, quase sempre, para definir uma pessoa “sem eira
nem beira”. Aqui no Brasil a expressão
“Pobre Diabo”, vamos encontrar em romances, crônicas, na literatura popular e
no folclore. Em determinada época era bastante
usada nos diálogos cotidianos quando se referia a uma pessoa necessitada de
ajuda, uma pessoa sofredora, mas atualmente a expressão “Pobre Diabo” tem sido
pouco usada. Portanto, a “Capela de Santo Antônio do “Pobre Diabo” é uma
construção votiva edificada por Cordolina Rosa como pagamento de uma promessa, com
a intercessão de Santo Antônio, pela cura de uma grave doença que teve seu
marido Antônio José Costa.
Essa é uma das várias histórias da origem da “Capela de Santo Antônio do Pobre Diabo” e quem tem outra versão que conte mais.
Referência
Sempre acompanhando as suas postagens. Forte abraço.
ResponderExcluirVictor Hugo - o seu eterno vizinho.
Beleza! Excelente artigo! Parabéns.
ResponderExcluirJosé Flamínio
Bom dia, Osvaldo!
ResponderExcluirMuito boa essa história de Santo Antônio do Pobre Diabo. É um ótimo registro.
Abraço,
Henrique Magalhães
lindo !! vou rezar para ele !!
ResponderExcluirabs Regina Andrade
Meu caro, eu, pobre diabo, fui a Manaus e não vi a capela do "Pobre Diabo", mas hoje o diabo anda por toda a parte, à solta. Abraço do
ResponderExcluirArnaldo Saraiva
Trigueiro amigo,
ResponderExcluirComo sempre, o material que você posta (como esse de Manaus), contém documentação folclórica fora do comum (pela redação do texto e, sobretudo, pelas inúmeras fotos que o acompanha), tudo feito com mão de mestre, e não um artiguete de jornal, sem profundidade e desconhecimento da matéria abordada e seu conteúdo.
Meus agradecimentos e recomendações aos seus familiares e amigos.
Jackson Lima
Um ótimo texto, Osvaldo, como de hábito! Escreva, sempre! Gd abc
ResponderExcluirConhecendo um pouco de Manaus com suas andanças querido amigo. Grata por compartilhar.
ResponderExcluirVou compartilhar com meus alunos. Ótimo texto, viva os Manaura e a capelinha do pobre diabo.
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