quinta-feira, 20 de setembro de 2018

José Marques de Melo: o andarilho híbrido cultural

Neste momento em que prestamos nossas homenagens ao mestre e amigo José Marques de Melo não podia deixar passar em branco a oportunidade para narrar um pouco do longo tempo de convivência com um dos mais importantes pensadores das ciências da comunicação na comunidade lusófona e latino-americana, um agregador de estudiosos e pesquisadores em instituições acadêmicas, em diferentes partes do Brasil e no exterior.  Foi um andarilho híbrido cultural que caminhou de Santana do Ipanema/AL até a China como O Guerreiro Midiático, como bem disse Sergio Mattos autor de sua biografia. Mas, falar da importância de José Marques de Melo na minha formação acadêmica dissociada da importância que Roberto Benjamim também teve é quase impossível, porque os dois foram os grandes incentivadores de tudo que faço como professor e pesquisador das ciências da comunicação e especialmente da Folkcomunicação. Ou seja, eles estão vinculados historicamente nessa minha caminhada que teve início nos anos 70 do século passado e que continua até os dias atuais. 

Não fui seu aluno de bancada universitária, mas ele sempre foi um incentivador, orientador de quase toda a minha trajetória acadêmica, principalmente nas pesquisas teóricas e empíricas e, nessas longas caminhadas, nem todas fáceis, alguns momentos marcaram a nossa convivência que quero destacar. 
Foi através de professor Roberto Benjamim que, em 1975, conheci José Marques de Melo, ainda no último ano do curso de Jornalismo na Universidade Católica de Pernambuco, quando já participava das atividades da Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa da Comunicação/ABEPEC  e, a partir daí, mantivemos durante todo este tempo uma forte ligação que envolvia os nossos interesses pelo desenvolvimento das ciências da comunicação participando de vários projetos de pesquisas e eventos culturais, de publicações, e de tantas outras  atividades na Intercom  e na Rede Folkcom.

No período da minha graduação em jornalismo os seus livros eram referência e assim foi também na pós-graduação. Mas, o primeiro artigo que li de José Marques de Melo, o título me chamou muita atenção, e foi publicado na revista da ABEPEC – volume 1 – número 1 – 1º semestre de 1975:  O impasse estrutural e as soluções utópicas.  José Marques de Melo, na época Diretor da ECA – USP, comentava sobre a importância do livro de Alberto Dines O Papel do Jornal (Rio de Janeiro, Artenova, 1974). Uma análise dos estudos e suas repercussões sobre a crise da imprensa no Brasil e a modernização do Jornal do Brasil – JB. 


 Como sócio da ABEPEC a convite de José Marques de Melo supervisionei a pesquisa de campo, nos estados de Pernambuco e Paraíba, do projeto de Pesquisa Sobre a Televisão Brasileira.   José Marques de Melo era o consultor metodológico do projeto e Roberto Benjamim o coordenador na Região Nordeste. A pesquisa, realizada em 1978, com abrangência em todo o território nacional foi o primeiro grande inventário crítico sobre a televisão brasileira desenvolvido pela comunidade acadêmica.
Participei dos últimos congressos da ABEPEC e foi numa dessas ocasiões que José Marques de Melo desenhava para um grupo de professores a possibilidade da criação da Intercom e já convidava para participarmos na sua fundação. Assim, como outros professores, encampamos a sua ideia e seguimos em frente como sócio até hoje da Intercom.
Depois veio a ideia de criar o GT – Folkcomunicação na Intercom e, mais na frente, em 1998, participei da I Conferência Brasileira de Folkcomunicação e da fundação da Rede de Estudos e Pesquisas em Folkcomunicação - Rede Folkcom e em todos esses momentos sempre incentivado por José Marques de Melo e Roberto Benjamim.
Sem dúvida, com o apoio dos dois mestres José Marques e Roberto Benjamim, dei o ponta pé inicial, foi o meu batismo para iniciar as minhas   pesquisas no campo da comunicação e principalmente nos estudos sobre televisão.  E mais uma vez com o incentivo deles passei a fazer parte do GT - Ficção Televisiva Seriada da Intercom até migrar para GT – Folkcomunicação que estava sendo criado, por José Marques e Roberto Benjamim, como homenagem e reconhecimento a Luiz Beltrão por tudo que ele fez para consolidar a comunicação como uma ciência no Brasil.
Com José Marques de Melo destaco, também, a realização do Seminário sobre o Pensamento e a Presença de Luiz Beltrão na Paraíba, com apoio da Universidade Federal da Paraíba/UFPB/PRAC/COEX, em comemoração aos 30 anos do I Encontro de Folclore da Paraíba realizado na cidade de Pombal em 1976. No encontro em Pombal Luiz Beltrão participou como um dos conferencistas e fez uma exposição da sua teoria sobre O folclore como sistema de comunicação popular. 
O seminário para celebrar os 30 anos do encontro em Pombal foi mais uma ideia de José Marques de Melo e aconteceu em novembro de 2006 no auditório da Reitoria da UFPB, em João Pessoa, com a participação de importantes estudiosos e pesquisadores da ciência da comunicação, estudantes e representantes da comunidade de Pombal. Esse Seminário resultou na publicação do livro Luiz Beltrão: pioneiro da comunicação no Brasil, Editora da UFPB/INTERCOM, João Pessoa, 2007, organizado por nós dois.  
E para fechar esses grandes momentos José Marques de Melo participou da banca de doutorado que defendi no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da Universidade do Vale do Rio dos Sinos-UNISINOS em 2004, sendo aprovado com a tese: Quando a Televisão Vira Outra Coisa: as estratégias de apropriação das redes de comunicação cotidianas em São José de Espinharas –PB com importantes comentários de Marques de Melo.

Ele e Roberto Benjamim cobravam, insistentemente, a publicação da minha tese em livro, o que acabei por fazer depois de algum tempo com a satisfação de ter o prefácio de Marques de Melo no meu livro Folkcomunicação e Ativismo Midiático, publicado pela editora da Universidade Federal da Paraíba, em 2008, como resultado parcial da minha tese. E o título foi uma sugestão dele. 
Finalizando o prefácio José Marques de Melo diz:
Trata-se, portanto, de um livro atualíssimo, cuja problemática central continua a desafiar os corações e as mentes da nossa comunidade acadêmica. Aqui está refletida a maturidade intelectual alcançada pelo autor e a autonomia teórica que ele demonstra ao transitar confortavelmente por diferentes paisagens e ao dialogar altivamente com autores situados em distintas correntes de pensamento.
Folkcom Recife 2017 
O nosso último encontro foi no Folkcom em Recife (2017) quando José Marques lembrava que em 2018 se celebraria o centenário de Luiz Beltrão e já convidava para uma série de atividades que seriam realizadas pela Intercom e Rede Folkcom. De pronto aceitei fazer parte das homenagens ao criador da Teoria da Folkcomunicação e um dos pioneiros do pensamento das ciências da comunicação no Brasil.
Rememorando vivências com JMM
Agora, em setembro de 2018, durante o 41º Congresso da Intercom realizado em Joinville/SC, o GP – Folkcomunicação prestou uma homenagem ao seu fundador e presidente de honra José Marques de Melo com uma mesa sobre a sua importância na fundação da Rede de Estudos e Pesquisas em Folkcomunicação-Rede Folkcom. Mais uma vez participei dessas homenagens com os demais colegas do GP e com a honrosa presença de Silvia, a sua companheira de toda vida.
Mas, não acabava aí. Para minha surpresa os companheiros do GP-Folkcomunicação elegeram-me como presidente de honra da Rede Folkcom.  Não será uma tarefa fácil substituir fisicamente José Marques de Melo até porque o legado deixado por ele nem o tempo apagará e será sempre lembrado por várias gerações. 

Mas estarei de prontidão lutando para que a Folkcomunicação seja reconhecida como merece ser por toda a comunidade acadêmica brasileira, até porque esse era um desejo de José Marques de Melo, não só o reconhecimento da Teoria da Folkcomunicação, mas da obra completa de Luiz Beltrão.       
Frequentei várias escolas públicas e privadas tive bons professores em todos os níveis da minha formação educacional, mas não poderia deixar de dizer, neste momento, da importância que José Marques de Melo e Roberto Benjamim foram e continuarão sendo referências na minha vida profissional e pessoal. Foi um longo período de aprendizado que tive com esses dois grandes pensadores das ciências da comunicação.
Obrigado amigos estejam onde estiverem!!!

sábado, 1 de setembro de 2018

O Dr. Castanha e o maior Cajueiro do Mundo



Mais uma vez fui a Pirangi e desta vez para participar do II Encontro da Família Trigueiro “Somos Trigueiro 2018” e como não poderia deixar de ser fiz uma visita ao Dr. Castanha, comprei alguns dos seus produtos e ganhei de presente a propaganda do meu blog FolkMídia (veja o vídeo). 
Inaldo Lucas de Faria, é o Microempreendedor Individual (MEI) que faz sucesso num dos destinos turísticos de grande frequência na área metropolitana de Natal, a capital do Rio Grande do Norte, Brasil.
Dr. Castanha é o personagem criado por Inaldo Lucas para chamar a atenção dos que visitam o complexo turístico do Cajueiro Gigante situado na Praia de Pirangi no Litoral do Rio Grande do Norte. Para diferenciar dos demais vendedores no centro comercial Dr. Castanha veste-se a caráter imitando o jaleco de médico e com o bom humor caraterístico de palhaço de circo chama a atenção com sua irreverência e simpatia na venda dos diversos tipos de castanhas de caju, bastante apreciadas em toda a região.
Dr. Castanha é um ativista midiático que opera nas redes de folkcomunicação empregando estratégias de folkmarketing e performance na organização da venda dos produtos de sua micro empresa individual – MEI com o objetivo de alcançar melhores metas e consequentemente mais lucro.
O Dr. Castanha, ou Inaldo Lucas, é um brincante que se apropria das matrizes culturais das manifestações tradicionais do nosso folclore e como gestor de uma empresa individual apodera-se das modalidades folkcomunicacionais para ocupar um espaço especial como vendedor de produtos regionais, as castanhas, no entorno do complexo turístico do “Maior Cajueiro do Mundo”, que Lucas identifica como o maior ser frutífero do planeta. 
Como consumidor de castanhas que sou, todas as vezes que passo em Pirangi, dou a preferência aos produtos do Dr. Castanha não só pela qualidade e melhores preços, mas também para aproveitar mais um pouco das estratégias de vendas do empreendedor Inaldo Lucas que é sem dúvida um grande vendedor e que fideliza os seus clientes.








Parte da família do ramo Dantas Trigueiro