Depois de muitos anos ausente passei o feriadão de 7
de setembro deste ano em Patos, minha cidade natal, conhecida carinhosamente
como a “Morada do Sol”. Fui para o casamento de um sobrinho querido, Leonard Trigueiro com Luanna Lima. Como o casamento foi no dia 9 à noite aproveitei o meu
tempo na cidade para reencontrar familiares e amigos, visitar lugares que
fizeram parte da minha infância, da minha adolescência e, porque não dizer, até
mesmo da minha maturidade às vésperas de completar 70 anos.
Pois é, nasci em Patos no dia 8 de novembro de 1947 a
cidade tinha apenas 44 anos e agora no dia 24 de outubro de 2017 chega aos seus
114 anos.
Atualmente a Morada
do Sol é um importante polo socioeconômico do sertão paraibano, localizada a cerca de 300 quilômetros de João Pessoa, a capital do estado da Paraíba, com
mais de 100 mil habitantes. Portando, Patos já não é a mesma cidade onde passei
importante parte da minha vida, evidentemente não poderia ser a mesma cidade
dos anos 50, 60 e 70 do século passado onde vivi intensamente. Patos é atualmente
uma cidade do século XXI em pleno desenvolvimento no sertão nordestino.
O feriadão de 7 de setembro, realmente foi um
reencontro com a minha cidade que já não conhecia tanto assim e, flanando pelas
ruas do centro e da periferia aos poucos fui redescobrindo os lugares que
frequentei por muitos anos. Escolas, igrejas, casas, bares, restaurantes,
clubes, cinemas, sinucas, o antigo cabaré da beira da linha do trem, o Tiro de
Guerra e tantos outros lugares por onde passei e vivi por muitos anos. Mas
alguns lugares marcaram muito a minha vida na cidade entre eles o Colégio
Diocesano, que depois passou a ser o Colégio Estadual, onde aprendi muito do
que sei até hoje, o imponente Colégio Cristo Rei, o Cine Eldorado, Patos Tênis
Clube, o lugar que sediou o Fortelândia e o território onde foi a casa em que nasci
na Rua Pedro Firmino 110.
Não pode deixar de visitar também a Catedral de Nossa
Senhora da Guia, a Cruz da Menina e a Igreja de Nossa Senhora da Conceição, fechando,
assim, o ciclo de reconhecimento dos lugares sagrados e profanos da minha
querida cidade de Patos. Alguns desses lugares já não existem ou porque foram
demolidos ou reformados para outras atividades, mas tudo isso faz parte das
mudanças desejadas na cidade que cresce ordenada ou desordenadamente, que
transforma os seus bens culturais materiais e imateriais e, com o passar do
tempo vão construindo, andaime por andaime, uma outra identidade onde se
mesclam o antigo e o novo nos diferentes espaços e tempos urbanos da pequena cidade,
levando-a à terceira mais
importante cidade do estado da
Paraíba.
Patos cresceu e
continua crescendo estendendo-se para as áreas rurais com as construções de
grandes condomínios e outras edificações como se estivesse emergindo do chão
seco do sertão uma outra cidade no entorno da antiga “Morada do Sol”. É uma
cidade que cresce com vocação de centro
sociocultural importante no semiárido nordestino, favorecido pela sua posição
geográfica que polariza atividades de negócios, de serviços de saúde, de
educação, de cultura e tantas outras para atender vários municípios paraibanos e dos vizinhos estados
de Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará.
Patos, é um núcleo rurbano atraente, aqui uso o
neologismo de Gilberto Freyre para definir uma sociedade em transição do rural
para o urbano, estrategicamente localizada num centro polo de uma região. Ou seja, um núcleo de convergência de vários
interesses ao mesmo tempo conectado ao mundo globalizado pelas mídias e redes
sociais digitais, as redes cotidianas mediadas pela tradição oral do seu povo,
dos poetas populares, dos cantadores, do artesanato e da feira no mercado
público. E mesmo sendo um polo de desenvolvimento da região preserva
importantes manifestações tradicionais da cultura nordestina, a sua culinária,
o jeito hospitaleiro do patoense receber, a luta contra as adversidades do
tempo, suas festas religiosas e profanas. Patos é assim, sempre presente na
minha história de vida e na minha memória.
Parabéns
Morada do Sol pelos seus 114.