quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Natal - tempo de reflexão e solidariedade

O nascimento do Menino Jesus, contado através dos nossos presépios, do jeito que o povo nordestino festeja com cantos e folguedos populares.




















quarta-feira, 22 de julho de 2015

O Fantástico São João de Portugal

Foto de Osvaldo M. Trigueiro
Campina Grande tem o Maior São João do Mundo, Caruaru o Melhor São João do Mundo; Patos, das espinharas (que este ano fez uma justa homenagem ao grande forrozeiro Pinto do Acordeon), tem o Melhor São João do Sertão; e Aracaju/Sergipe, o Forró Caju só para citar aqui algumas cidades do Nordeste brasileiro que realizam grandes festas no mês de junho, as quais já vivi, onde com ou sem crise econômica e seca o povo sai às ruas para festejar o São João.
 Mas, sem dúvida, Portugal tem um São João Fantástico. O país vive anualmente a tradicional festa de norte a sul. É impressionante como os santos populares, Santo Antônio, São João e São Pedro, são festejados com tanta devoção e alegria.
Foto de Osvaldo M. Trigueiro
Em Lisboa, a grande festa da cidade é para Santo Antônio com o desfile das Marchas Populares, na Avenida da Liberdade e os bailes tradicionais – Arraiais – na Alfama, na Mouraria, no Castelo de São Jorge e em tantos outros lugares da cidade. 

No Porto, a festa se espalha pelas ruas com as batalhas dos martelinhos e do alho porro tendo como grande momento da festa o espetáculo pirotécnico – o grande fogo – no rio Douro entre a ponte Dom Luís I e o Cais de Gaia. Em Lisboa e no Porto as festas para Santo Antônio e São João, são megaeventos midiáticos para onde convergem milhares de turistas para participar das grandes festas do início de verão.
Mas, quem tem interesse em conhecer as festas dos santos populares que ainda preservam as tradições religiosas e profanas, organizadas pela comunidade e para a comunidade deve, na oportunidade, ir a Braga e ao Valongo/Sobrado no dia de São João. As duas cidades ficam próximo ao Porto. 
E não fica só por aí, a festa toma todos os lugares, nas grandes cidades, nas vilas e nas aldeias onde as ruas são enfeitadas com balões e bandeirolas para alegrar o São João. Na Lomba D’Égua, freguesia de Fátima, e em Vilar dos Prazeres, freguesia do Castelo de Ourém, a festa é de toda a gente do lugar, dos que moram longe e dos que lá estão, é uma festa típica das aldeias e vilas portuguesas, de reencontro e de convívio das famílias.
No Brasil, na época de São João a comida típica é à base do milho verde, o maior símbolo gastronômico da nossa tradicional festa. Em Portugal é a sardinha a maior referência gastronômica das festas juninas. Não é apenas uma comida é, na verdade, um bem cultural imaterial, conservado com muito carinho pelos portugueses.  
Nos dias de festa o cheiro da sardinha assada se espalha no ar e em cada esquina sempre tem alguém assando sardinha e, nos restaurantes, nas tascas e nos botecos o prato do dia é sardinha com pão, batata, vinho e muito azeite. Não vi festa de São João sem esses ingredientes da comida típica portuguesa, sem fogos de artifício e balões que iluminam os céus de Portugal onde ainda não é proibido soltar balões porque há, um acordo de corresponsabilidade entre baloeiros e as autoridades, ambos sempre em permanente vigilância. 
Milhares de pessoas de diferentes nacionalidades encheram as ruas, os restaurantes, as tascas, os botecos, madrugada a dentro e tudo em total segurança. Andamos por todos esses lugares de dia e de noite e não vimos qualquer policiamento ostensivo e nenhuma ocorrência que nos chamasse atenção, por menor que fosse, nem nas grandes nem pequenas cidades.      
As fotografias que registraram esses diferentes momentos juninos aqui em território lusitano, foram feitas por mim e Rosinha no período de 12 a 29 de junho de 2015, como testemunho ocular do Fantástico São João de Portugal.  
Viva São João! Sempre!











sexta-feira, 10 de julho de 2015

Tomar vive a Festa dos Tabuleiros

autor: Osvaldo Meira trigueiro
Com o Cortejo dos Rapazes, no passado domingo 5 de julho, teve início a Festa dos Tabuleiros na cidade portuguesa de Tomar. Cerca de 1.500 crianças, meninos e meninas, desfilaram nas ruas históricas da cidade saindo da Mata dos Sete Montes até à Praça da República para receberem a benção do padre Mário Duarte, vigário geral de Tomar.
O Cortejo dos Rapazes, acontece sempre no domingo que antecede o maior cortejo da festa, que neste 2015 será no próximo domingo dia 12 de julho às 16 horas.
Autor: Rosa Trigueiro
O grande cortejo que este ano terá cerca de 700 tabuleiros é uma das mais significativas celebrações ao Espírito Santo, em Portugal. Os turistas, especialmente os brasileiros, que neste período visitam a região de Fátima, Leiria, Batalha, Alcobaça e Coimbra não devem deixar de ir domingo a Tomar, até porque a Festa dos Tabuleiros só acontece de 4 em 4 anos, portanto, a próxima será em 2019.
Autor: Rosa Trigueiro
A Festa dos Tabuleiros mobiliza a comunidade tomarense na organização e realização da sua maior festa tendo a coordenação do mordomo João Manuel de Victal. Leia mais. Para outras informações acesse o site oficial da festa: http://www.tabuleiros.org/
Autor: Osvaldo Meira Trigueiro


segunda-feira, 6 de julho de 2015

Os caracóis do restaurante Tim-Tim

Quando estamos em Portugal, especialmente em Fátima, ficamos a maior parte do tempo hospedados no apartamento da Rosalina Faria, irmã de Rosinha, na Avenida Beato Nuno, uma das principais de Fátima. Do seu apartamento avistamos a torre da Basílica de Nª. Sª. do Rosário, com uma caminhada de dez minutos já estamos no Santuário e no centro comercial. É bem localizado, o que facilita a nossa mobilidade para os principais pontos turísticos de Fátima, Ourém, Leiria, Batalha, Alcobaça, Tomar, Coimbra e tantas cidades históricas.     
Além da magnifica hospitalidade da minha cunhada Rosalina, é só descer para o térreo do mesmo prédio e entrar no restaurante Tim-Tim, especializado na tradicional cozinha portuguesa e comer e beber bem a preço acessível. É ou não é privilégio ser hóspede da Rosalina e vizinho do Tim-Tim?
O restaurante oferece uma variedade de comidas e bebidas, mas é o famoso petisco de caracóis uma das iguarias mais procuradas no período do verão no restaurante Tim-Tim. Senhor Francisco e dona Clara comandam o restaurante há 28 anos e sempre mantendo a qualidade na cozinha e no atendimento aos seus clientes. 
Os caracóis do Tim-Tim, estão qualificados como um dos melhores de Portugal por várias revistas, catálogos e livros especializados na gastronomia portuguesa e internacional.  
O senhor Francisco fica no atendimento direto aos clientes e recebe a todos com muita cordialidade, já dona Clara, no comando da cozinha, é a responsável pela variedade e qualidade da comida, o que faz do Tim-Tim um restaurante referencial em Fátima e na região.
No período dos caracóis, de junho a setembro, são consumidos cerca de 1.500 quilos no Tim-Tim, não é por acaso que tudo isso é consumido, é o segredo culinário de dona Clara, guardado a sete chaves, que atrai as pessoas de todos os lados para saborear os famosos caracóis temperados e preparados por ela.
Frequento o Tim-Tim há vários anos e todas as vezes sou surpreendido com novos sabores, quando é no período de verão, como agora, sempre peço de entrada um petisco de caracóis antes do prato principal, mas também se pode ficar só nos caracóis que já é suficiente para uma refeição.
 Portando, recomendo aos brasileiros que vem a Fátima e sempre com o desejo de saborear o famoso bacalhau e vinho portugueses, que não deixem de conhecer o Tim-Tim e antes do bacalhau peçam como entrada um petisco de caracóis feitos por dona Clara e servidos pelo seu Francisco. Aproveitem o período de verão para saborear essa rica iguaria da cozinha portuguesa e, melhor ainda, acompanhado com um bom vinho branco verde ou maduro fresquinho, também pode ser com imperial ou melhor shop gelado. E bom apetite.  
Tim-Tim, saúde.

segunda-feira, 15 de junho de 2015

A Centenária Cavalhada de Chã Preta* no Estado de Alagoas

Nos últimos anos venho estudando e observando as festas tradicionais brasileiras, mais especificamente as festas do ciclo junino de celebração aos santos populares (Santo Antônio, São João e São Pedro) e as festas do ciclo do Carnaval. Mas as nossas festas tradicionais estão interligadas por redes socioculturais e religiosas cujas origens vêm das experiências de tempos e espaços remotos, com suas vinculações e veiculação em tempos e espaços contemporâneos.  Ou seja, as festas populares estão sempre em evolução, são dinâmicas, são transmitidas pela tradição de geração em geração e chegam aos dias atuais incorporadas de novos significados.
E como estudar e investigar as festas de determinadas épocas, como as festas de São João, que aqui no Nordeste são tão fortes, bem como o Carnaval, que sem dúvida é a maior festa popular do Brasil? É quase impossível estudar, investigar isoladamente as tradicionais festas, sagradas e profanas, celebradas durante todo o ano em homenagem aos santos padroeiros das mais de cinco mil cidades brasileiras em que o tempo e espaço de suas realizações são determinados pelo calendário religioso e na atualidade influenciadas pela mídia.
Por isso é que estou estudando a Festa do Divino Espírito Santo, festejado no dia de Pentecostes, 50 dias depois do domingo de Páscoa, que por sua vez é celebrada 47 dias depois do carnaval. Podemos ainda incluir o Natal que aqui é celebrado no período do solstício de verão e no velho mundo no solstício de inverno, assim como a festa de São João que é celebrada no solstício de inverno do hemisférico sul e no solstício de verão no hemisférico norte. São essas interligações do calendário da religiosidade popular que determinam o tempo e espaço das principais festas tradicionais brasileiras. Melhor dizendo, as festas tradicionais são vinculadas e veiculadas em redes de comunicação interligadas nos espaços e tempos, sagrado e profano, do catolicismo popular, trazidas para o Brasil pelos colonizadores portugueses. E para estudar essas festas, mesmo na atualidade, precisamos compreender os processos de incorporação das festas pagãs ao calendário cristão nos longos anos de demanda do cristianismo e do Santo Graal no ocidente.
A festa do Divino no século XIV já estava incorporada às festividades da Igreja católica em Portugal sob o patrocínio da rainha D. Isabel (1271-1336), esposa do rei D. Diniz (1279-1325), que durante o seu reinado criou em 14 de março de 1319 a Ordem de Cristo substituta e herdeira do patrimônio material e religioso da Ordem dos Templários. A nova Ordem passou a ter poderes religiosos e militares em todo território português, estruturada estrategicamente numa importante rede de castelos, mosteiros e igrejas medievais com o objetivo de combater os infiéis.  Essas redes socioculturais e religiosas de difusão do cristianismo, na idade média, são sistematizadas por processos hegemônicos de comunicação do estado e da igreja em toda Península Ibérica, primeiro pela oralidade e posteriormente pela escrita.
As batalhas contra os mouros pela reconquista do território português lideradas pelos reis católicos são até hoje celebradas simbolicamente através das danças e dos folguedos, representados nas disputas entre os Cordões Encarnados (mouros) e os Cordões Azuis (cristãos). Na literatura popular as narrativas sobre as gestas de Carlos Magno e os Doze Pares de França são contadas e cantadas nos versos do cordel.
E assim as estruturas do poder da comunicação da igreja católica medieval, chegam, nos dias atuais, resignificadas por diversos processos de comunicação e conteúdos da sociedade midiatizada. O livro Duas lanças: 100 anos da cavalhada de Chã Preta chega as minhas mãos num tempo e espaço importantes para a ampliação dos meus estudos sobre as festas tradicionais e especialmente pela quantidade e qualidade de dados sobre as festas do Divino no Brasil e notadamente a de Chã Preta.
Neste livro, Olegário Venceslau da Silva, nos traz importantes informações sobre a origem da festa do Divino Espirito Santo e consequentemente como chegaram as cavalhadas aqui no Brasil. O autor faz uma imersão na historiografia da difusão das festas nas diferentes regiões do país, descrevendo as suas singularidades em cada localidade desde as corridas de argolinhas aos grandes espetáculos das cavalhadas de Pirenópolis no Estado de Goiás. Olegário, cuidadosamente nos dá importantes referências sobre a folclorização das Festas do Divino Espírito Santo e as representações das cavalhadas em quase todo território brasileiro. No seu longo percurso, Olegário, aborda as diferentes regiões, mas esbarra na pequena cidade de Chã Preta em Alagoas, onde descreve em detalhes a Festa do Divino Espírito Santo e a centenária cavalhada criada por tradicionais famílias chãpretenses, até hoje mantida pelos descendentes de Pedro Teixeira de Vasconcelos.
Olegário, no seu livro registra para a posteridade a história dos 100 anos da Cavalhada de Chã Preta, que enriquece ainda mais o vasto acervo bibliográfico sobre as manifestações do folclore alagoano estudado e divulgado por folcloristas, etnólogos, sociólogos e antropólogos como Pedro Teixeira, Manuel Diegues Junior, Theo Brandão, Aluísio Vilela Brandão e, de uma geração mais recente, os trabalhos de José Maria Tenório e Ranilson França, só para citar esses entre tantos outros que tiveram e continuam tendo importância nos estudos da cultura do Estado de Alagoas. Agora incluo na minha lista de referências o livro de Olegário. Graças aos estudos e observações dos folcloristas do passado podemos compreender e analisar as manifestações culturais tradicionais, assim como a festa do Divino Espirito Santo, na contemporaneidade.
Cada vez mais necessitamos de trabalhos de jovens que se dedicam aos estudos das manifestações culturais da sua localidade, da sua paróquia, assim como Olegário Venceslau da Silva, que faz uma reflexão teórica sobre a incorporação da festa do Divino Espirito Santo na cultura brasileira, mas é na descrição da cavalhada de Chã Preta, o seu chão de nascimento, que o autor desenvolve a parte mais rica e a mais importante do seu livro.
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[*] Chã Preta é um município brasileiro, do Estado de Alagoas, com mais de sete mil habitantes, localizado na região norte do Estado, a uma distância aproximada de 100 quilômetros de Maceió, a capital alagoana.

sexta-feira, 29 de maio de 2015

O jeito que o brasileiro vê TV esteja onde estiver


O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatista – IBGE, acaba de divulgar os mais recentes indicadores sobre a utilização da Internet, da telefonia celular, sinal digital de televisão aberta, televisão por assinatura e de antenas parabólicas para o uso pessoal em domicílios particulares e permanentes. Os dados foram coletados a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – IBGE/PNAD 2013.


A pesquisa constatou que os brasileiros com 10 ou mais anos de idade acessaram mais em 2013 a Internet por meios de microcomputadores, telefone celular, tablet e outros equipamentos. Ou seja, 85,6% milhões de brasileiros com 10 ou mais anos de idade utilizaram em 2013 a Internet, correspondente a 49,4% da população que busca informações, diversão e entretenimento pela rede mundial de computadores. A pesquisa demonstrou que 80,0% da população, com 10 ou mais anos de idade, que tinha telefone celular é da área urbana e 47,9% da área rural.
São mais de 130 milhões de brasileiros que usam o telefone celular o que corresponde a 75,5% da população. Mas é a televisão que continua sendo o meio de comunicação de maior presença nos domicílios dos brasileiros, alcançando cerca de 97,2% da população do país.
Mas quem ainda usa televisão
Sem dúvida cada vez mais o microcomputador, o telefone celular, o tablet e tantos outros equipamentos tecnológicos já são partes integrantes da vida cotidiana da maioria dos brasileiros. Mas como a minha área de estudo no campo das mídias é mais voltada para a televisão, faço aqui uma resumida análise desse consumo e uso pelos brasileiros, conforme os dados obtidos na pesquisa do IBGE/PNAD – 2013, recentemente divulgada. Devido à sua extensão territorial e às diferenças socioculturais, o Brasil tem várias maneiras, jeitos, espaços e tempos de ver televisão na cidade e na área rural. Aqui ressalto as condições da audiência da TV em algumas das pequenas cidades do interior paraibano e na área rural.


Em 2013, período de realização da pesquisa, dos 65,1 milhões de domicílios particulares e permanentes do Brasil, 63,3 milhões tinham televisão, o que corresponde a 97,2% da população que tem pelo menos um aparelho de televisão em casa. O acesso a TV por assinatura era de 29,5% da população, correspondendo a 18,7 milhões de domicílios, já 70,5% não têm acesso a TV por assinatura, o que vale dizer que 44,6 milhões de domicílios não têm acesso a TV paga.

Quanto ao sinal digital, em 2013 a TV aberta alcançava 19,7 milhões de domicílios, apenas 31,2% dos brasileiros com acesso a essa prestação de serviços. A recepção do sinal de TV por antena parabólica era utilizada por 38,4% da população, desse total 78,3% estava nos domicílios rurais. A maioria dos brasileiros continuava usando nos domicílios as TVs de tubo antigas, mas ainda eficientes.  No total das antenas parabólicas em uso no Brasil 50,7% estavam instaladas na Região Nordeste. Com relação ao uso da televisão por assinatura é o Nordeste que tem o menor percentual, apenas 15%. Portanto, quem faz mais uso das antenas parabólicas são as famílias de menor poder aquisitivo que encontram nesse tipo de equipamento a melhor alternativa de acesso ao sinal de TV com qualidade e com maior quantidade de canais a baixo custo. Não foi por acaso que o Nordeste apresentou o maior percentual de antenas parabólicas nos domicílios das áreas rurais e das cidades interioranas com menos de 20 mil habitantes, onde se concentra grande parte das famílias de menor renda per capita por domicílio. Ou seja, nas cidades rurbanas e nas áreas rurais do interior nordestino. Cidades Rurbanas, aqui usando o neologismo empregado pelo sociólogo brasileiro, Gilberto Freyre, para definir as pequenas cidades com menos de 20 mil habitantes em transição do rural para o urbano mas, que com o jeitinho brasileiro estão interligadas ao mundo globalizado pelos diferentes meios de comunicação: estejam onde estiverem.

Na Paraíba, o estado de referência das minhas pesquisas, os domicílios com sinal digital de TV aberta correspondiam a 26,7%, já aqueles com acesso ao sinal por assinatura o percentual era de 14,1% e os domicílios com antenas parabólica 50,9%. A taxa das pessoas com 10 ou mais anos de idade que possuíam telefone celular chegava a 73%, os estudantes com 10 ou mais anos que usavam a telefonia móvel era de 71,2%, já o uso do tablet nos domicílios não chegava aos 9,1%, mas, o percentual de domicílios que usavam a Internet banda larga fixa era de 71,5%.
A população estimada do Estado da Paraíba em 2014 era de 3.943.885 e, deste total, em janeiro de 2015, 524.822 de famílias eram beneficiárias do programa Brasil sem Miséria, que tem o objetivo de tirar da linha de pobreza as famílias com renda per capita inferior a R$77,00. Portanto, 44,56% da população paraibana distribuída nos 223 municípios, recebe do Bolsa Família um valor médio mensal de R$177,00. Mesmo diante dessas condições de baixa renda per capita, os dados demonstram que é crescente o número de famílias que têm nos seus domicílios equipamentos das novas tecnologias de informação e comunicação – TIC, como aparelhos de TV, de rádio, telefone celular, acesso a Internet, além de outros bens duráveis como geladeira, fogão, micro-ondas, máquina de lavar roupas, motos e tantos outros (Fontes: IBGE/PNAD 2014 – MDS/Ministério do Desenvolvimento Social/2015).
O acesso às novas tecnologias, com mais recursos, com mais alternativas de uso, está diretamente condicionado a uma melhoria de renda da família e consequentemente ao seu poder de compra, mas, adquirir TV com tela fina, telefone celular e até mesmo Internet no domicílio não significa, necessariamente, uma melhor qualidade de vida, é mais uma decisão de prioridade da família. Ou seja, na sociedade de consumo a apropriação das novas tecnologias, especialmente da televisão, continua sendo um ato de grande significação nos domicílios independente da classe social e das condições de habitação, até porque a TV não é mais um dispositivo eletrônico que está na casa, faz parte da casa e da vida cotidiana das famílias brasileiras, onde é quase impossível viver em família e em sociedade sem ver televisão.
Hoje em dia é bastante fácil comprar TV, celular, acesso à Internet até por que são várias as alternativas de aquisição desses equipamentos, as ofertas dos negócios de crediário ou da compra “fiado” nas lojas autorizadas, nos camelódromos, nos negócios piratas e nas feiras de trocas espalhadas pelo país afora onde se pode comprar a baixo custo quase todos esses equipamentos. Mas, até hoje persistem as preocupações sobre a televisão como um dos meios de informação e comunicação, de maior influência nos hábitos e costumes da sociedade com seus efeitos devastadores, alienantes, com conteúdo que quase sempre exibe as mesmas coisas; veicula ideologias dominantes; deforma as criatividades das crianças e adolescentes; que empobrece ainda mais a curiosidade e as opiniões dos adultos; isso tudo, para os mais pessimistas ou apocalípticos. Para os mais otimistas ou integrados a televisão continua sendo um símbolo da modernidade por excelência, que democratiza a informação e o conhecimento.


Será que há razão para essas preocupações entre apocalípticos e integrados? De um lado ou de outro, será necessária vigilância constante sobre a televisão, mas, só se for uma vigilância sem “armas apontadas” para os apocalípticos ou integrados. As preocupações manifestadas com relação ao dualismo do “bem” e do “mal” na televisão são pertinentes, mas devem ser analisadas criteriosamente e não só no achismo ou na transferência de responsabilidades para culpar a televisão por quase tudo de errado e de ruim que acontece na família brasileira. 

A culpa é das novelas que só ensinam coisa errada? A culpa é da televisão pelo crescimento da violência? Será verdade? E qual é o papel da família, da escola, da igreja e de tantas outras instituições civis organizadas que operam como mediadoras da sociedade? O que estamos fazendo para melhorar a recepção dos conteúdos midiáticos. 
Chamo atenção para a importância de uma discussão de corresponsabilidade sobre o consumo e uso da televisão e das redes sociais, que envolva diretamente as famílias e todos os níveis de educação, já que a pesquisa do PNAD 2013, cuja amostragem probabilística inclui pessoas com 10 ou mais anos de idade. Ou seja, aqui no Brasil, crianças, adolescentes e adultos de ambos os sexos são todos constituintes da audiência da televisão.
Os dados demonstrados na pesquisa são referências importantes para se estruturar uma política educacional de tempo integral, uma política de consumo e uso dessas novas tecnologias, especificamente da televisão, do telefone celular e o acesso à Internet. Não basta acessar essa avalanche de conteúdos que recebemos as 24 horas do dia, mas, educar para melhor acessar é papel fundamental principalmente da família e da escola. 
O mundo atual é outro, as mídias estão alcançando os mais longínquos recantos do país e precisamos pensar a sociedade brasileira inserida no contexto global da economia, da educação e da cultura, mas levando em consideração as suas especificidades regionais e  o espirito do local. É essa a realidade em que vivemos, é inevitável, diria até irreversível, a relação direta das mídias com a sociedade, consequentemente com a família a educação e a cultura. 
Os domicílios, das cidades rurbanas ou rurais, são quase sempre pequenos, com sala de visitas, com um ou dois quartos, cozinha, banheiro e terraço, telhado rústico e quase sempre sem forro. São construções de tijolos ou taipa, tipologia que caracteriza a arquitetura interiorana do Nordeste brasileiro. É na sala de visitas, o espaço mais nobre da casa, onde fica o aparelho de televisão e tantos outros equipamentos eletrônicos da modernidade industrial para atender os desejos da sociedade contemporânea. 
O telefone celular, que também é relógio, rádio, máquina fotográfica, câmera de vídeo, calculadora e mais uma série de funções, ora está no terraço, na sala, no quarto, no banheiro, na cozinha, na carroça, no cavalo, na bicicleta, no carro, na moto, na igreja, nas festas, sempre perto do seu usuário. Ou seja, o telefone celular e a televisão são próteses como extensão do nosso corpo, é quase impossível viver sem uma delas. 
Quase sempre o sinal de TV, do telefone celular e o acesso à Internet chega primeiro nas pequenas cidades – cidades rurbanas - mesmo antes das estradas ou das ruas asfaltadas, do saneamento básico, da iluminação pública, da delegacia de polícia, dos hospitais e até mesmo de uma boa escola. 
Os jovens brasileiros entre 10 e 20 anos passam em média mais de quatro horas diárias assistindo TV ou acessando a Internet como meio de diversão e entretenimento (Fonte: Pesquisa brasileira de mídia 2015: hábitos de consumo de mídia pela população brasileira. – Brasília: Secom, 2014). Passam mais tempo na TV, ou na Internet do que na sala de aula (Fonte: www.todospelaeducacao.org.br). 
Os domicílios nas pequenas cidades e nas áreas rurais, não são mais espaços com tempos marcados só pelas datas cíclicas das festas sagradas e profanas da religiosidade popular, do cronograma do trabalho e do lazer com características próprias das famílias brasileiras, antes da chegada da televisão, agora do celular e da Internet. Os espaços e tempos do domicílio, na sociedade midiatizada, são cada vez mais agendados pela hora da televisão determinada pelas novelas das seis, das sete e das nove, pelos programas policiais, telejornais e tantos outros que ocupam esses espaços e tempos durante o dia e a noite, e agora pelas redes sociais nos telefones celulares e tablets. Mesmo assim, os domicílios continuam interligados à cidade e à rua e ao mundo globalizado, porém sem a perda total das suas referências, da vida sociocultural do local onde permanecem os códigos, os valores éticos e morais tradicionais da família.
A televisão, a Internet, os telefones celulares e as redes sociais chegaram e modificaram o comportamento da sociedade humana e não seria diferente com a população brasileira. Mas, os meios de comunicação não têm poder para tanto, de isoladamente transformar uma sociedade para melhor ou pior, é necessário que encontre um campo socialmente fértil, com fatores que favoreçam tais influências e para isso necessitam de uma sociedade frágil em vários aspectos. 
É verdade que os conteúdos das mensagens televisivas provocam significativas mudanças, mas, sempre mediadas por diferentes fatores educacionais e culturais, nunca isoladamente como um instrumento principal dessas mudanças para o bem ou para o mal. O mais importante instrumento de transformação de uma sociedade é sem dúvida a família e a educação. Ou seja, a casa e a escola. Sou um dos otimistas, um dos integrados e vejo avanços significativos no uso das Tecnologias da Informação e da comunicação - TIC no desenvolvimento da sociedade brasileira.
Os registos fotográficos, aqui, são resultado de documentos da pesquisa empírica desenvolvida no período de 2003 a 2011, sobre a recepção da televisão, em diferentes cidades paraibanas, principalmente com menos de 20 mil habitantes, onde estão localizadas as famílias de baixa renda per capita, mas, que são cada vez mais consumidoras, usuárias de bens materiais e simbólicos da sociedade midiática.