Laranjeiras, cidade
monumento nacional localizada na Região Metropolitana de Aracaju/SE, realiza há
40 anos, continuamente, um dos mais significativos encontros de cultura popular
do Brasil, que reúne num simpósio importantes estudiosos e pesquisadores do
nosso folclore. São 40 anos de história, de debates e documentação das tradições
culturais brasileiras, em especial a sergipana e, Laranjeiras, um verdadeiro
museu vivo a céu aberto, torna-se especialmente em janeiro a capital cultural
do país. Na atualidade é quase impossível estudar e pesquisar as manifestações
culturais do nosso folclore sem citar os estudos publicados nos anais do
Encontro e do Simpósio de Laranjeiras entre tantos outros artigos espalhados
nos acervos e nas publicações dos que por lá passaram.
No período da realização
do evento, que este ano foi de 5 a 11 de janeiro, aconteceram vários atividades
e o simpósio aconteceu nos dias 8 e 9 com uma extensa programação que teve a participação
de convidados locais como Beatriz Góes Dantas, Aglaé Fontes e Jackson Lima, da Comissão Sergipana de
Folclore; Luiz Soutelo, Presidente do Concelho Estadual de Cultura/SE, Irineu
Fontes e Lindolfo Amaral, da Secult/SE, José Fernando Aguiar, Samuel Barros,
Verônica Menezes, Maria Augusta Mundim e Gilson Rambelli, da Universidade
Federal de Sergipe/UFS, Izaura Júlia de Oliveira, do Museu Afro Brasileiro de Laranjeias/Secult/SE,
Zé Rolinha e Barbara Cristina, representando os grupos folclóricos locais. Como
convidados de outros estados o evento teve a minha participação como membro da
Comissão Paraibana de Folclore; José Fernando de Sousa, representando a
Comissão Pernambucana de Folclore e do Rio Grande do Norte, Severino Vicente,
Presidente da Comissão Nacional de Folclore.
O simpósio teve como temas: O
pulsar da cultura nos 40 anos do Encontro de Laranjeiras; Desafios e
perspectivas na preservação da cultura popular; além da apresentação das
comunicações e lançamentos de livros com o destaque para a publicação
coordenada pela professora e pesquisadora sergipana Beatriz Góis Dantas, que
conta a história dos 40 anos do Encontro Cultural e do Simpósio de Laranjeiras.
Nas ruas e nas casas de
Laranjeiras tudo era festa com os grupos folclóricos dançando e cantando nos
espaços públicos, privados e sagrados das igrejas, em louvor aos Santos Reis,
São Benedito e Nossa Senhora do Rosário. São os “Devotos Dançantes” da Taieira,
do São Gonçalo, da Chegança, do Cacumbi, do Reisado, do Pastoril entre
outros grupos folclóricos que festejam os seus santos de devoção. Deus vos salve casa santa/Onde Deus feis a
morada/Onde mora cálix bento/E a hóstia consagrada.
Nos 40 anos do encontro
foram lembrados pesquisadores que deram importantes contribuições para o
surgimento e a continuidade do evento como: Luiz Antonio Barreto, Roberto
Benjamin, Nubia Marques (in memória) e Braulio do Nascimento, só para citar
esses entre tantos outros.
O encontro teve o apoio de diversas instituições como a Prefeitura Municipal
de Laranjeiras, do Governo do Estado de Sergipe, da Universidade Federal de
Sergipe/UFS, do IPHAN/SE, com a coordenação geral de Silvia Maria de Oliveira e
a coordenação executiva de Antonio Amaral ambos da Secult/SE e que estão de
parabéns por terem superado as adversidades para a realização do simpósio. Destacar
também a hospitalidade e a maneira carinhosa como somos recebidos pelos
organizadores do encontro e os colegas estudiosos e pesquisadores em Aracaju e
em Laranjeiras.
Mas, nem tudo são flores,
no Encontro Cultural e no Simpósio, enquanto havia restrições técnicas e
econômicas para a realização do evento e especialmente apoio aos grupos
folclóricos para melhores condições nas suas apresentações, as autoridades locais
alegaram a crise financeira e consequentemente a falta de recursos para as
manifestações culturais tradicionais. Mas, por outro lado, para os shows das famosas
bandas de “forró e de música sertaneja”, foi montado, logo ali do outro lado do
Rio Cotinguiba, palcos com uma super estrutura e parafernália tecnológica de
som e luz de não fazer inveja aos espetáculos nas grandes cidades brasileiras.
Nada contra a cultura
midiática, nada contra as famosas bandas, mas nada justifica a falta de apoio
das autoridades para as manifestações tradicionais culturais que são os grupos
folclóricos os protagonistas da festa e os verdadeiros representantes da
cultura local. Foi sentida a ausência do Secretário de Cultura do Município de
Laranjeiras no simpósio e especialmente na plenária de encerramento, mas teve a
participação do Secretário de Planejamento do Munícipio de Laranjeiras, Paulo
Menezes Leite, com atuação ativa nos debates e na plenária de encerramento e demonstrando
certa preocupação com essas distorções.
Alegria do reencontro na residencia de Jackson e Salete |
Esperamos que todos esses equívocos sejam corrigidos e o Encontro
Cultural e o Simpósio retornem ao lugar sempre desejado por Luiz Antonio
Barreto e Braulio Nascimento.
Parabéns Laranjeiras, cidade Monumento Nacional. Parabéns a todos os brincantes dos grupos folclóricos, pela resistência de continuarem fazendo a festa para os santos de devoção, custe o que custar.