Praça da República |
A
cidade de Tomar tem cerca de 15 mil habitantes, pertence ao Distrito de
Santarém, fica a 138 km de Lisboa e 31
km de Fátima, tem no seu patrimônio histórico o Castelo
de Tomar, o Convento de Cristo e a
Igreja de Santa Maria dos Olivais, importantes monumentos do simbolismo da
Ordem Templária em toda a Europa. Andando pela cidade, em cada rua, beco e
esquina, encontramos igrejas, casas, tabernas, tascas, praças e pontes sobre o lendário
rio Nabão, que nos levam a um passado que remonta à Idade Média.
Igreja São João Batista |
Tomar é uma cidade onde o antigo e o novo
convivem na atualidade, possibilitando aos visitantes conhecer vendo e até
degustando períodos importantes da história de Portugal. Rica, em quantidade e
qualidade, de bens culturais materiais e imateriais, destaca-se pela sua
gastronomia diversificada especialmente pelos vinhos e os doces conventuais. Três
grandes festividades são celebradas na cidade: a Festa dos Tabuleiros, do Círio
de Nª. Senhora da Piedade e a Feira de Santa Iria.
Em 2011, ano da realização de
mais uma Festa dos Tabuleiros, eu estava em Tomar, agora em 2014 volto para ver
a Festa de Santa Iria, sua padroeira, realizada de 17 a 26 de outubro.
Assim como no Brasil as festas populares tradicionais portuguesas têm as diversões profanas e as celebrações religiosas e a de Santa Iria não poderia ser diferente. Visitei a feira de frutos secos, a feira agrícola, fui aos carroceis, às tascas, tomei vinho com castanhas assadas, com uma boa bifana no pão (sanduiche de carne de porco) e tudo transcorreu num belo dia de verão em pleno outono. Um veranico de Santa Iria para uns e para outros um veranico de São Martinho.
Mas, foi a procissão de Santa Iria que mais me interessou não só pela sua singularidade, mas pela demonstração de fé e do cuidado que os tomarenses têm com as suas tradições.
A
PROCISSÃO
A celebração religiosa no dia 20 de outubro, dia
de Santa Iria, começa às 10 horas com a missa solene na igreja de São João
Batista. Em seguida, por volta das 11 horas, tem início a procissão de Santa
Iria, que saindo da Praça da República percorre as principais ruas da cidade
até a capela de Santa Iria que fica na margem do rio Nabão.
O cortejo que conduz a santa é acompanhado por
várias autoridades eclesiásticas, civis, militares, centenas de crianças das escolas
do concelho e são elas que chamam mais atenção da passagem da procissão. Acompanhadas
pelas professoras e professores, as crianças, levando nas mãos ramos de flores ou
cestinhos cheios de pétalas que são lançadas no rio Nabão de cima da Ponte Velha
que está próximo da capela de Santa Iria e bem em frente da famosa “Janela de
Santa Iria”, a guardiã da cidade.
Esse é o momento mais esperado pela
população, principalmente pelos turistas e pela mídia. Ainda acompanha o
cortejo um Rancho Folclórico de Minjoelho, de uma das Freguesias de Tomar que,
cantando, narra a lenda do martírio de Santa Iria, na procissão simbolizado
pela inocência e pureza das crianças, tornando-se um momento de grande
expectativa e de alegria para todos que acompanham a procissão ou vão apenas
para ver as crianças jogarem flores no
rio Nabão. O cortejo com o andor da Santa
Iria para na Ponte Velha com a imagem de frente para o rio Nabão e o Rancho
Folclórico continua cantando a música
tradicional de Santa Iria onde a
população fica assistindo as crianças jogando flores no rio na parte próxima a Janela de Santa Iria e aos poucos as flores
são levadas pela correnteza rio abaixo. Podemos observar que durante todo o dia
ainda havia flores sendo levadas pela correnteza, é um espetáculo ver as águas
do rio Nabão coloridas pelas pétalas de flores jogadas pelas crianças. A procissão termina quando o andor com a santa
entra na capela ovacionada por todos, o canto do Rancho Folclórico de Minjoelho
e com os agradecimentos do Padre Mário Duarte às autoridades e aos fieis presentes.
Ao turista brasileiro que viaja a Portugal e vai ao Santuário de Fátima recomendo que não deixe de visitar a cidade Templária de Tomar onde conhecerá, também, acontecimentos que influenciaram a nossa história.