Acredite se quiser, mas é pura verdade, em janeiro deste ano participei da edição 39 do Festival de Laranjeiras, um dos mais antigos e importantes encontros culturais, não só da cidade sergipana de Laranjeiras mas também do Brasil. Digo acredite se quiser por que é muito difícil um evento cultural no Brasil sobreviver tantos anos assim, entra governo sai governo e o evento continua com toda pujança e, eu tive a honra de participar de quase todas as edições desse evento. O Encontro Cultural de Laranjeiras pertence ao seu povo.
Durante o Encontro é realizado simultaneamente o simpósio que reúne importantes estudiosos e pesquisadores das nossas tradições culturais e uma das principais características é a participação dos mestres da academia e dos mestres portadores dos saberes populares.Ou seja, uma conjunção de ensinamentos e aprendizagens do conhecimento científico e do conhecimento popular.
Este ano o tema do simpósio foi a Cultura Popular: preservação e sustentabilidade. O tema central foi apresentado nos seus eixos temáticos em painéis de discussões, perspectivas e propostas para a valorização da cultura popular. Nessas discussões estiveram presentes, além da significativa participação do público, especialmente da comunidade local, Monica Silvestrin (IHPAN), Maria Augusta Vargas (UFS), Osvaldo Meira Trigueiro (Comissão Paraibana de Folclore/REDE FOLKCOM), Aglaé Fontes (FUNCAJU/SE), Eufrazia Santos (UFS), Beatriz Góis (SE), Rogério Lopes (UNISINOS/RS), Mesalas Santos (UFS), Veronica Nunes (UFS), Severino Vicente (presidente da Comissão Nacional de Folclore), José Fernando (PE) e Lélia Nunes (SC), Irineu Fontes (Secretário de Cultura de Laranjeiras), Mestre Zé Rolinha, Bárbara Cristina e tantos outros que contribuíram para o sucesso do evento. Não poderia deixar de citar a participação do Sayonar Viana e a realização da mesa especial em homenagem a Roberto Benjamin, que nos deixou há pouco tempo. Quantas lembranças temos também de Luiz Antonio Barreto, grande incentivador do Encontro Cultural de Laranjeiras.
Na mesa redonda que abordou o tema Caminhos das Festas populares: espetacularização e patrimonialização, dei a minha contribuição com o texto sobre as Festas Populares da Idade Média à Idade da Mídia.
Este ano um dos momentos mais agradáveis em Laranjeiras foi a recepção de Zé Rolinha, mestre comandante dos Lambe-Sujos e da Chegança, que nos ofereceu um almoço de Arraia acompanhada de pirão e da famosa cachaça "Bimba de Quati" que só ele faz e guarda a sete chaves o segredo de sua fabricação.
Parabéns Laranjeiras, parabéns ao povo de Sergipe pela continuidade desse importante encontro cultural. Mais uma vez agradeço aos organizadores do encontro e ao povo da cidade histórica sergipana de Laranjeiras.