segunda-feira, 21 de maio de 2012

O celular: um objeto grudado no nosso corpo e na alma


O homem ao longo de sua história sempre foi fascinado pelos objetos que frequentemente fizeram e continuam fazendo parte da vida cotidiana. A sociedade humana quanto mais organizada maior é a sua dependência em quantidade e qualidade na produção e consumo dos objetos. Uma pedra que está no fundo do rio é sempre mais uma pedra como parte da composição da natureza, mas quando o homem descobriu que poderia servir como instrumento para macerar folhas e frutas a pedra passou a ser um objeto de trituração, assim como um objeto de trabalho quando o galho de uma árvore com ponta afiada se transforma em um objeto de caça ou em cabo do machado.
Cada objeto tem sua funcionalidade e significado de uso e consumo no mundo da experiência humana e no mundo globalizado são cada vez mais importantes as suas funções e sua socialidade no cotidiano de trabalho, de entretenimento e lazer. É quase impossível vivermos hoje sem automóvel, geladeira, elevador, computador e uma infinidade de outros objetos, mas imaginem sem celular, só um ou outro é que ainda se recusa usar esse aparelhinho.
Na atualidade vivemos a cultura dos objetos e quanto maior for a sua capacidade portadora de alternativas tecnológicas, maior é o nosso desejo de uso e de consumo desses objetos. Estamos grudados ao celular pelo nosso próprio desejo, pelo nosso próprio prazer e pela nossa necessidade de comunicação com o outro.

O celular é um objeto de comunicação de massa que grudamos no nosso corpo e na nossa alma porque é de fácil locomoção, que levamos no bolso, preso na cintura ou em qualquer outro lugar. O celular torna-se obsoleto em pouco tempo e por isso temos que comprar o mais rápido possível o novo modelo, mas sempre grudado no nosso corpo e nossa alma. No corpo como objeto material de uso, portador de mensagem estética e na alma como objeto imaterial de significação de uso, portador de mensagem conotativa.  Cada um de nós possui um ou dois celulares e é quase impossível sair de casa sem ele.
Para onde vamos o celular vai junto, estamos com ele em quase todos os lugares, no escritório como objeto de trabalho, jogando como objeto de lazer, dirigindo como objeto infrator, na igreja quase como um objeto “sagrado”, que toca na hora da missa, na hora do casamento, na hora do culto, na hora do batizado e assim o celular grudado no nosso corpo e na nossa alma vai causando maior dependência a todos nós. Quando esquecemos o celular em algum lugar ou falta sinal de comunicação ficamos desorientados, desesperados, sem saber o que fazer e quando o sistema entra em pane nós entramos em pânico também, e foi isso que aconteceu com uma das operadoras de telefonia celular aqui no Estado da Paraíba, depois de uma grande promoção para nova prestação de serviço “ilimitado” acessível aos usuários, principalmente os de baixa renda. A “grita” foi geral e rapidamente as autoridades se mobilizaram para tentar resolver o problema com a operadora prestadora/prometedora do serviço. O celular é, na realidade, mais uma extensão do nosso corpo e sem ele nos sentimos um pouco mutilados e de alma entristecida. 
Estava certo Mcluhan em "os meios de comunicação como extensões do homem".