quinta-feira, 19 de julho de 2012

Radiotevê: a Nova Era do Rádio aos 90 anos

Acervo Pessoal
Uma das grandes revoluções da comunicação mundial foi o surgimento do rádio no início do século 20 com a histórica transmissão em 1901 entre a Europa e os Estados Unidos. Nos anos 30 do século passado o rádio já era um importante veículo de propaganda política usado pelo Presidente dos Estados Unidos Franklin Roosevelt, por Hitler na Alemanha e por tantos outros. Nos anos 40 e 50 do mesmo século o rádio consolidava-se como importante veículo de comunicação em várias partes do mundo.

Caubi Peixoto (acervo pessoal)
A primeira experiência de transmissão radiofônica no Brasil ocorreu em 1922, nas comemorações do centenário da independência com o pronunciamento do então Presidente Epitácio Pessoa. Mas, o Brasil entra, verdadeiramente, na Era do Rádio no período do Estado Novo que vai de 1937 a 1945 quando Getúlio Vargas cria o Departamento de Imprensa e Propaganda-DIP. Até meados da década de 1960 o rádio viveu o período denominado da Era de Ouro e a partir daí, começa a perder audiência para a televisão quando é anunciada a morte do rádio para esse novo veículo de comunicação que tinha som e imagem e o rádio seria passado para trás, diziam que não haveria mais espaço para o rádio.
Emilinha Borba (acervo pessoal)
O rádio recebeu anúncio de morte em diferentes épocas da sua história, sempre sobreviveu e agora está mais vivo do que nunca. Com o surgimento da televisão a Era de Ouro do Rádio passou a ser a era da TV e mais uma vez a morte foi anunciada como quadro irreversível. Era a sua morte cerebral, a sua morte tecnológica, os conteúdos e os profissionais seriam transferidos para o novo veículo de comunicação que empolgava o Brasil. Os anos se passaram e mais uma vez o rádio saiu da UTI.

Jornal Gente com Joelmir Beting, Rafael Colombo e Salomão Ésper
A chegada da internet populariza ainda mais a televisão, melhor dizendo, a TV digital, a TV móvel se espalha em todas as camadas sociais e volta a polêmica sobre a morte do rádio. E o rádio AM/FM se transforma drasticamente, dá o troco, incorpora as novas tecnologias de comunicação, renova os conteúdos e ressurge como um veículo de comunicação para atender as exigências do mercado de consumo emergente no país e ocupa espaços utilizando outras mídias como telefone celular, tablets e outros dispositivos móveis além da TV.
Ao contrário da visão pessimista de alguns, o que estamos assistindo na atualidade é o surgimento de uma nova Era do Rádio onde as convergências de tecnologias e abrangências de conteúdos transformam o rádio em um veículo também com imagem. Ou seja: “radiotevê”. Melhor dizendo, se nos anos 50 e 60 do século 20 tivemos o aparecimento da “tevêradio”, na atualidade está emergindo o “radiotevê”, possibilitado por diferentes suportes tecnológicos e entrando com toda força na era da imagem e do som digital.
O rádio não só se escuta, agora também se pode ver, inclusive o nosso programa preferido, em qualquer parte do mundo. É o rádio híbrido com som e imagem navegando na internet e tantos outros suportes midiáticos. O rádio criou novas linguagens para atender os diferentes segmentos da sociedade independente de idade, gênero, classe econômica e cultural.
Não se justifica mais que o apresentador do programa de rádio diga: pena que não seja TV para o ouvinte ver isso ou aquilo. No “radiotevê” a audiência não é mais só de ouvintes, é ao mesmo tempo de ouvintes e telespectadores. Isto é, os constituintes da audiência dos programas radiofônicos não são mais só ouvintes, agora são “teleouvintes”, e realmente é um novo prazer, uma redescoberta ouvir e ver esse rádio que se espalha mundo afora. O “radiotevê” prolifera nas diferentes redes para atender a sociedade midiatizada que cada vez mais  está disponível para a maioria dos brasileiros.
Apresentadores Josival Pereira e Cláudia Carvalho (João Pessoa/PB)
O “radiotevê”, na sociedade atual passa a ser um importante veículo folkcomunicacional porque está ao alcance das diferentes localidades e das diferentes classes sociais desse imenso país.   Portanto, em 2012 o Rádio completa 90 anos de vida no Brasil e mais forte do que nunca.
Nem Roquete Pinto imaginaria tanto. Parabéns ao jovem rádio brasileiro.











9 comentários:

  1. Professor Osvaldo,

    Parabéns! Excelente contribuição sobre radiotêve.

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    1. É verdade!
      Adorei esse poster de "Radiotêve".
      Parabéns, ficou bom demais.
      E interessante a gente ter informação disso.
      Abs
      Érica

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  2. Trigueiro, adorei a reportagem, velhos tempos, belos dias, como diria Roberto Carlos.
    Que será que as rádios comunitárias andam fazendo com a radiotevê??????
    Abração, amigo
    Marlei

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  3. Nunca acreditei na morte do rádio e agora, mais do que nunca, tenho certeza de sua imortalidade!

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  4. Caríssimo Osvaldo,

    Gostei da matéria. Polêmicas a parte, faltou mencionar a experiência de rádio feita em Recife, em 1919, que originou a Rádio Clube de Pernambuco. Como se tratou de uma atividade mais tecnológica, os louros foram endereçados para as transmissões das solenidades do centenário da independência, com a aquisição de dois transmissores (tecnologicamente, portanto, o rádio já consolidado) e depois para Roquette Pinto. A diferença está aí: a experiência de Recife foi técnica, enquanto a do centenário foi de broadcast (com uma programação definida). Creio que isso não tira o mérito dos pernambucanos, pois se assim for, a transmissão intercontinental de um tiro de fuzil feito por Marconi (técnica, apenas), não poderia ser considerada a primeira transmissão de rádio. Mas é esse o papel deste importante meio de comunicação, polêmico até nas suas origens.

    Abraços radiofônicos

    (Antes que eu esqueça: Osvaldo contou-nos certa vez que costumava ligar 4 ou 5 rádios ao mesmo tempo todas as manhãs para ouvir as emissoras da Paraíba; ainda tem esse hábito???)
    Moacir

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    1. Caro Moacir
      Obrigado por acessar o meu blog e pelos seus comentários. Polêmica a parte, também concordo com você, Luiz Maranhão, Sonia Virginia Moreira e tantos outros colegas especialistas em rádio, eu não sou!!! Mas, como trata-se de texto no blog fui pelo lado oficial para não ficar uma coisa muito estendida.
      Abraços radiofônicos, também gostei

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    2. Moacir
      Pra confirmar, tenho rádio por várias partes da casa. Logo cedinho vou passando e ligando é no jardim, na área de serviço e até hoje no quarto quando vou dormir fico com o meu "rádinho" ligado baixinho, mas ligado e assim fica a noite toda.

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  5. Prezado Trigueiro

    Excelente seu artigo sobre radiotevê.

    Um abraço.

    Braulio.

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  6. Interessantíssimo o texto professor, parabens. Inclusive aproveitando este assunto estou lhe mandando um link do youtube onde está a primeira parte de uma das minhas peças de radiodrama. Esta conta a vida de Luíz Gonzaga. Tenho este trabalho pronto desde 2009, ja foi exibido na rádio Tabajara e em outras radios do RN e PE. como o Filme de gonzagao será lançado esse ano resolvi colocar meu trabalho na internet, pois tive medo que depois do filme ninguem mais quisesse saber da minha peça radiofônica.
    Aldo Marques

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